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Alguns pitacos sobre o aguardado Chinatown Detective Agency

16 Bits da Depressão

30/04/2020 09h00

Hoje venho descrever as primeiras impressões  e deixar alguns pitacos sobre a versão de demonstração do jogo Chinatown Detective Agency, um point and click investigativo em pixel art inspirado no clássico Carmen Sandiego.

Resolvi fazer minha primeira jogatina em live com alguns seguidores, inclusive chegando a contar com ajuda deles para resolver um pequeno puzzle.

Acabei rejogando-o em off algumas vezes para me atentar a alguns detalhes e também para evitar alguns bugs que travaram a continuidade do jogo. O que é completamente compreensível em uma prévia de jogo que está com data de lançamento prevista para o próximo ano.

Aqui vou pontuar alguns aspectos positivos e negativos sobre a proposta de CDA (Chinatown Detective Agency) e também deixar alguns pitacos sobre alguns elementos que poderiam ser inseridos ou alterados na versão final do jogo.

Pontos positivos:

  • A arte do jogo é próxima do impecável – e digo isto mesmo sendo suspeito sobre tal declaração, tendo em mente que há um brasileiro envolvido na direção de arte do game. O Ricardo Juchem também foi o cara que gentilmente me encaminhou a demo do jogo para conferimento e certamente desenvolveu um papel fundamental para que o jogo possuísse tradução para PT/BR em seus planos. Aguarde paisagens futurísticas e animações muito bem fluidas em uma pixel art exuberante com luzes neon.

  • Imersão acima do esperado para um jogo de point and click – mesmo estimulando o jogador a deixar o game de lado e abrir o Google para pesquisar informações necessárias para resolver alguns puzzles do game, CDA convida o jogador a se imaginar como um detetive particular que precisa estar atento ao ambiente, aos diálogos e demais informações dispersas na jogatina. A atenção para esses detalhes promove um certo grau de desligamento do exterior que dispensa a visão em primeira pessoa para torná-lo imersivo.

  • Elevados níveis de nostalgia inclusos – muito além da pixel art que convoca um aspecto de retrofuturismo visto em jogos noventistas como Flashback, Beneath a Steel Sky e Shadowrun, o feeling nostálgico se complementa com uma trilha musical que parece ter sido extraída de um VHS de Twin Peaks. Este recheio nostálgico ainda acompanha uma experiência refinada do clássico Where In The World is Carmen Sandiego, que é o primeiro título que vem em mente quando falamos de jogos em disquetes de 3″1/2.

  • Dublagem cativante – os diálogos acompanham áudios de bons dubladores, sendo um diferencial para jogos de narrativa com baixo orçamento, especialmente para jogadores ligeiramente disléxicos como eu. O trabalho magnífico de atuação vocal incluso no game torna o "skip" de diálogos um terrível sacrilégio.

Pontos negativos:

  • O cursor é horrível – como o ponteiro do mouse é a principal ferramenta de navegação em jogos de point and click, é um desastre que ele seja tão pequeno e varie tão pouco nos objetos interativos. Em alguns objetos o cursor se distingue apenas pela cor, o que obriga o jogador a fazer um exaustivo arraste pelo cenário de forma bem atenta. Imagino que isto seja o terror de diversos jogadores daltônicos.

  • O diabo está nos detalhes – confesso que esta é uma análise mais "cri-cri" e que possivelmente só incomoda aqueles que são mais entusiastas da pixel art. É notável que a resolução do jogo é superior aos demais elementos da tela. Podemos observar isto nos efeitos de luz e também quando dois elementos do cenário se sobrepõem. Por vezes notam-se gaps entre os "pixels" e cenas onde o fundo se encontra em escala distinta dos personagens.

Outro detalhe é a ausência de paralaxe na sequência de introdução também pareceu ser incompatível com o capricho artístico do restante do jogo, onde objetos de diferentes planos são rolados na mesma velocidade. O mesmo descuido é observado no primeiro trailer de gameplay revelado pela General Interactive.

Alguns pitacos sobre Chinatown Detective Agency

  • Pesquisas In-game – como apontei positivamente, a demonstração do jogo sugere um nível de imersão inesperado no gênero. Talvez ela seria ainda mais acentuada se não redirecionasse o jogador para pesquisas externas. Isso poderia ser evitado com um pequeno banco de dados acessível pelo computador no escritório da protagonista ou com um prompt in-game do navegador da Steam.
  • Deixe o jogador decidir – seria interessante que houvessem determinados eventos de tomada de decisão. Isso seria um acréscimo valioso que aumentaria a vida útil do jogo, oferecendo diferentes formas de como um mesmo caso pode ser resolvido. Na versão de demonstração, o jogador vê a protagonista cedendo trezentos reais em um suborno para obter informações enquanto ele poderia estar optando por encontrar aquela informação de forma mais difícil e barata, por exemplo. Há uma cena que sugere a possibilidade do jogo oferecer o poder de decisão ao jogador, podendo ferir um personagem de forma letal ou não-letal. Seria interessante haver mais eventos deste tipo.
  • Fuja da linearidade – é bacana que a narrativa central se desenrole ao longo dos distintos casos, prometidos rolar por mais de 30 localidades. Ainda assim, seria ideal ter algumas bifurcações onde o jogador possa optar por diferentes casos com distintos graus de dificuldades e recompensas.

Ressalto novamente que CDA é um jogo em desenvolvimento com estimativa de lançamento em 2021, então é possível que muitas características do game serão lapidadas e implementadas. Por isso, deixo o convite para que você teste a demo do jogo disponível aqui e compartilhe seus pitacos também.

Felizmente, o jogo completou sua meta de financiamento coletivo entre a data que testei a demo e a data de publicação desta análise, garantindo a localização do jogo para PT/BR e um port para Nintendo Switch.

Se você gostou do que viu, pode adicioná-lo na lista de desejos da Steam e seguir os perfis oficiais no Twitter e Facebook para mais novidades em breve.

 

 

Sobre o Blog

Diversão, alegria e jogos eletrônicos! Ou decepção, sofrimento e um pouco mais de jogos eletrônicos? O 16 Bits da Depressão vai abordar os assuntos que estão em alta no universo gamer, sempre com muito bom humor e poucos pixels.