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Saudades de Alex Kidd? Relembre o eterno herói do Master System

16 Bits da Depressão

11/06/2020 11h25

Se até o Alex Kidd voltou, por que eu também não voltaria? Pois é, enquanto tiro as teias de aranha aqui do blog, bora bater um papo e relembrar a trajetória do travesso menino da SEGA.

Foi nesta quarta-feira (10) durante o IGN Summer of Gaming: Alex Kidd in Miracle World DX aparece para quebrar um jejum de 30 anos desde a última aparição do garoto, em Alex Kidd in Shinobi World, lançado em 1990 para o Master System.

De lá pra cá até houve participações de pequena importância, sendo um dos personagens jogáveis em Sega Superstar Tennis e Sonic & Sega All-Stars Racing.  Algumas participações secundárias aqui ou ali e um enorme silêncio por parte da SEGA frente aos pedidos de fãs para que incluíssem Alex Kidd no (agora extinto) jogo de mobile SEGA Heroes.

Alex Kidd no jogo de tênis e de corrida da SEGA, respectivamente.

Em um pequeno concurso realizado no começo do mês, a empresa indiretamente explica o motivo do longo período de inatividade. No card, ela menciona que o personagem permanece muito popular na Europa e no Brasil, deixando de fora o Japão e os EUA, que é justamente onde a maior parte de sua receita se concentra.

Ok, a gente até entende que um jogo precisa vender bem para que mais sequências sejam desenvolvidas. Mas convenhamos, 30 anos foi um período demasiado longo e solitário para quem cresceu com aquele Master System da TecToy contendo Miracle World na memória. Ainda mais difícil para quem teve o privilégio de acompanhar os jogos lançados nas outras plataformas. Vamos relembrar cada um deles a seguir.

Para falar do primeiro jogo, acho interessante aproveitar a bola que o colega Felipe Vinha levantou porque é uma oportunidade massa pra gente explicar outros porquês de o jogo ser tão querido.

Muito além da facilidade de acesso ao jogo, vale lembrar que a tentativa da SEGA de se equiparar ao sucesso de Super Mario Bros foi muito além. Para um jogo de plataforma, lançado em 1986, com sistema de compra de itens, fases onde se controla uma lancha, uma moto e uma espécie de helicóptero, além de um sistema de batalhas de jo-ken-po bem inusitado, precisamos convir que era um jogo e tanto! A dinâmica da jogatina de Alex Kidd, associada a vibrantes cores propiciadas pelo hardware do Master System foi algo com pouquíssimos precedentes na história dos consoles caseiros até então.

Alex Kidd: The Lost Stars foi outro jogo lançado quase que simultaneamente para o Arcade. Nele, Alex divide o protagonismo com a fofíssima Stella. Aproveitando todo o potencial do legado que a SEGA tinha com hardwares de fliperamas da época, o jogo contava com diversos sprites simultâneos em tela, rica paleta de cores, grande diversidade de inimigos e cenários, dificuldade desafiadora e uma trilha musical cativante.

Evidentemente, o port de Lost Stars para Master System ficou um tanto rudimentar mas ainda assim fez a alegria de quem não queria gastar diversas fichas no fliperama. Particularmente, o que é mais frustrante desse port é que ele não continha a Stella.. anos mais tarde, em Altered Beast, conhecemos o trágico motivo de ela ter desaparecido. (Press F)

Em 1987 o Master System ganhou o Alex Kidd BMX Trial, um jogo de corrida em scroll vertical que se resume em desviar de obstáculos. São apenas cinco cenários monótonos que podem ser fechados em 10 minutos ao todo! Um tanto frustrante se comparado com seus jogos anteriores. O diferencial fica por conta da possibilidade de utilizar o paddle do console, um acessório destinado a jogos de corrida.

Para tentar se redimir, a SEGA lançou Alex Kidd: High-Tech World bem às pressas pra tentar manter a considerável popularidade que o personagem dela havia conquistado na terceira geração dos consoles. Outro jogo que fica aquém do original, com poucos elementos que remetem ao que se espera do personagem. Isso se deu pelo fato de o jogo ter sido desenvolvido em uma modificação de outro jogo, Anmitsu Hime, baseado em um mangá de aventura. Apenas os sprites e textos foram alterados para dar a impressão de que se tratava de um novo jogo, especialmente concebido para o menino Alex. No fim, foi um completo fiasco.

A chance de finalmente fazer direito ocorreu com a chegada do magnífico 16-bit da SEGA, o Mega Drive.  Alex Kidd in the Enchanted Castle fez direito ao reincorporar os principais elementos do jogo original, sendo visualmente bem atraente, desafiador e dinâmico. Peca apenas por ser bem curto e ter um sistema de colisão relativamente falho.

Só não pense que os ainda proprietários de Master System ficariam órfãos de uma boa sequência com a SEGA resolvendo dar continuidade no Mega Drive. Alex Kidd in Shinobi World foi inicialmente desenvolvido para ser uma paródia meiga de Shinobi e só em estágios avançados de desenvolvimento que resolveram dar o protagonismo do game pro nosso pugilista mirim.

Uma medida bem acertada já que o game foi bem recebido pelos fãs e pela crítica, além de abrir precedente para que Alex Kidd pudesse se tornar um personagem coringa, podendo ser utilizado para protagonizar qualquer versão fofa de futuros jogos da SEGA. O que infelizmente acabou não rolando.

Agora chega de chorar o leite demarrado já que tem novo Alex Kidd vindo por aí, totalmente recauchutado em uma pixel art lindíssima, animações bem fluídas, modo retrô e tudo que esperamos de um jogo do Alex Kidd. A promessa de lançamento é logo no começo de 2021 então há tempo suficiente para que possamos revisitar os jogos mencionados aqui.

Com a volta de Streets of Rage e agora Alex Kidd, parece que o termo "viúvo da SEGA" vai começar a cair em desuso.

Sobre o Blog

Diversão, alegria e jogos eletrônicos! Ou decepção, sofrimento e um pouco mais de jogos eletrônicos? O 16 Bits da Depressão vai abordar os assuntos que estão em alta no universo gamer, sempre com muito bom humor e poucos pixels.