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16 Perguntas: Falamos com o cara que quer terminar TODOS os jogos da Capcom

16 Bits da Depressão

21/12/2019 08h00

Gente, como assim tem um maluco que simplesmente resolveu detonar todos os jogos da Capcom?

Sei que muitos aí podem associar a Capcom apenas a jogos como Street Fighter e Resident Evil, então deixe-me salientar que estamos falando de uma desenvolvedora com 40 anos de indústria, com mais de 1000 jogos no currículo e responsável por clássicos dos arcades, franquias como Mega Man, Devil May Cry, Monster Hunter, Final Fight e muitas outras.

E é aí que entra a Capcom Quest, uma jornada iniciada pelo belo-horizontino WagnerRM em 2018, com o objetivo de terminar TODOS os jogos da produtora. A missão se estendeu por todo o ano de 2019 e ainda promete chegar em 2020 com tudo.

Quando soube da empreitada, não pude deixar de admirar a persistência e a habilidade do cara pra terminar os jogos que ele enfrentou até o presente momento. Então é com muito apreço que trago esse "Capcomaníaco" pra bater um papo conosco.

1. Wagner, antes de tudo, conte pra gente como surgiu a ideia dessa Quest. Qual critério você utilizou para selecionar os jogos e qual ordem você está seguindo? Acredito que não esteja literalmente pretendendo terminar todos jogos desenvolvidos e distribuídos pela Capcom desde os anos 80, ou está?

Wagner: Fala aí, pessoal do 16 Bits da Depressão! Primeiramente gostaria de agradecer o convite. É uma honra ser entrevistado pelo melhor "meme maker" de games do país. Não tenho uma boa história pra "vender" como surgiu essa ideia. Sempre quis conhecer toda a história da minha empresa favorita, e finalmente tomei vergonha na cara e iniciei esse projeto.

Na verdade, o objetivo da Capcom Quest são os reviews e curiosidades que escrevo de cada jogo da empresa. Se bem que, muitas vezes, acabo falando só da relação que o jogo tem na minha vida. As lives foram consequência, afinal, para escrever uma análise tem que zerar né?

Os episódios da Capcom Quest seguem a ordem de lançamento dos jogos, vez ou outra acabo adicionando games que a Capcom somente publicou/distribuiu, mas o foco são nos desenvolvidos pela empresa. Ah! E só um detalhe: não cubro os "ports", até porque a proposta do game é a mesma, e provavelmente teriam uns 50 episodios só de Street Fighter II.

Não é como se eu tivesse acesso a toda essa biblioteca. Alguns jogos sequer foram "dumpados", outros são muito raros (como jogos JAVA de celular). Mas sim, pretendo zerar todos que encontrar. Confira a lista aqui.
2. Geralmente gosto de guardar a treta para o final, mas vamos logo botar fogo no parquinho: Por que jogos da Capcom e não da SNK?

Wagner: SNK!? Aquela plagiadora!!!!!! Haahahahaah, brinks. Sempre curti muito ela. Inclusive, foi graças à SNK que a Capcom publicou seu primeiro jogo, além de várias outras parcerias que vocês conhecem muito bem. Mas não irei dar uma de bom moço, não. Street Fighter >>> KOF.

3. Alguém da Capcom chegou a notar a sua empreitada?

Wagner: O pessoal da Capcom Unity BR sim! Até porque vivo marcando eles nos meus posts no twitter (foi mal, Trancas >.<). Mas lá fora suspeito que alguns me conheçam, ou talvez seja coisa da minha cabeça.

4. Tem ideia de "quantos %" você já completou da quest total?

Wagner: É complicado saber. A Capcom tem algo próximo a 600 jogos, mas o número de episódios da quest não representam uma porcentagem pelo simples fato de que, com o passar dos anos, os games ganharam mais conteúdo e consequentemente levam mais horas para terminar. Porém posso afirmar que estou MUITO longe da metade do projeto.

5. Qual foi o jogo mais difícil que você terminou até agora? Qual a perspectiva de jogo mais difícil que está por vir?

Wagner: Rapaz, difícil essa. A Capcom não pegava leve no início, não. Os jogos eram feitos para darem lucro nos arcades, aí já viu, né? Mas fora os games de fliperama existe um de NES chamado Code Name: Viper. Meu Deus, esse é um daqueles jogos que você até duvida que o developer zerou.

Sobre a perspectiva de jogo mais difícil por vir: talvez para mim seja Monster Hunter. Não pela dificuldade, mas por eu não ser fã de open world. E, convenhamos, essa é uma franquia de vários jogos. Tomara que me surpreenda!

6. Imagino que seja um grande alívio que Ninja Gaiden e Battletoads não sejam da Capcom. Ainda assim, os Mega Man 8-bits devem ter sido uma sidequest e tanto. Conta um pouco pra gente sobre essa experiência.

Wagner: Vocês falam de Ninja Gaiden e Battletoads porque são os famosinhos de NES. Vai lá zerar Street Figher 2010 pra ver o que é bom. Dos citados, Mega Man 1 é um clássico da dificuldade! Lembro de ter ficado horas para passar daquela bendita fase do Guts Man, sem falar que sem querer resetei o jogo contra o Yellow Devil (fui tentar fazer o glitch). Praticamente zerei ele duas vezes!

7. Só aqui entre nós. Não chegou a usar alguma trapaça, game genie, save state ou apelou para algum password das revistas?

Wagner: A regra é clara, se está no jogo é pra ser usado… Mas passwords só usei como forma de continue, nunca para pular fases!

8. O password está aí justamente para isso. Agora conta pra gente, você anota eles num caderninho ou simplesmente fotografa com seu smartphone?

Wagner: As vezes que usei foram meus próprios inscritos que voltaram na minha live para pegar o dito cujo. Mas "saudades caderninho"!

9. Sério, bicho. Você não pensou em desistir em nenhum momento?

Wagner: Me fazem muito essa pergunta. Nunca pensei em desistir porque me divirto com o projeto e tenho muito orgulho dele.

10. Uma dúvida que muitos devem estar tendo na leitura até aqui é como você encontra tempo pra jogar tudo isso. Vinte e quatro horas no dia são suficientes?

Wagner: Nem jogo tanto assim! Faço umas três lives por semana, e ainda fico uns meses de férias a cada final de temporada. Comparado a outros streamers, jogo bem menos. O complicado mesmo é que, no meu caso, acabo jogando vários games que ou fazem anos que não jogo ou nunca tinha jogado antes.

11. Desde que você iniciou sua saga a Capcom acabou lançando e anunciando alguns títulos novos. Além do remake de Resident Evil 3, que está vindo por aí, também temos um forte rumor do remake de Dino Crisis. Como você reage a isso? Seria algo do tipo "droga, lá vem a Capcom me dar mais trabalho"? Ou "Beleza, agora o desafio ficou ainda maior"?

Wagner: Quem, em sã consciência, pensaria na primeira opção? A Capcom está mandando bem demais nos últimos lançamentos. Se for para continuar nesse nível, pode fazer quantos jogos quiser que será um prazer.

12. Realmente, bicho, a Capcom está de parabéns, inclusive pelo remake de Resident Evil 2. A propósito, qual outro jogo antigo deles você gostaria de ver reimaginado com gráficos e mecânicas atuais?

Wagner: Pô, bichão, vou ser honesto com você, hein! Remakes para mim ja tá de boa, adoraria ver sequências de jogos clássicos. Um Final Fight 4 (melhor ainda se rolar um cross over com Captain Commando), Demon's Crest 2, Breath of Fire 7, Mega Man X9 (que deve ser lançado muito em breve), DarkStalkers 4 e por aí vai…

Seria realmente bem louco ter algo entre Final Fight e Captain Commando

13. Vou insistir na pergunta da trapaça sem nenhuma intenção de subestimar seus feitos. É que eu realmente quero saber se você nem sequer apelou pra usar a camisa sobre o direcional do controle nos jogos de luta.

Wagner: Hahaha, não tenho vergonha de admitir! Alguns jogos da era inicial da empresa não tive habilidade/tempo suficiente de treinar. De início fui até receoso em usar saves, mas depois percebi que até mesmo a Capcom coloca essa feature em suas coletâneas dos jogos clássicos. Mas nos jogos mais populares, como Mega Man, Street Fighter, os vários Beat 'Em Ups nunca precisei dessa ajudinha.

14. Ah, eu sabia que se espremesse ia sair algo. A propósito, rola um saudosismo exacerbado da galera que se diz mais "raiz" quanto a isso, vide o alvoroço quando a Nintendo também implementou o sistema de save state nos jogos de SNES relançados para o Switch. Qual sua opinião sobre isso?

Wagner: A minha opinião é que cada um joga do jeito que quiser! Não vou mentir que tento evitar de usar essa mecânica, mas não dá pra ser bom em todos os jogos.

15. A galera aqui do START chega firme no cenário de eSports, e a Capcom é, talvez, a empresa mais tradicional que decidiu entrar no cenário competitivo profissional. Já pensou alguma vez em treinar para o competitivo? Qual seria o jogo deles em que você mais se garante?

Wagner: Eventos mais tradicionais foram aqueles feitos por fãs, e o clássico Battle by the Bay taí para confirmar isso. Mas não dá pra negar que a Capcom inspira outras empresas nesse cenário.
Dos projetos da Capcom, esse com certeza é que mais acompanho. Conheci o competitivo de Street Fighter em 2013, pelo que me lembro nem existia a Pro Tour. Faço só o arroz com feijão mesmo. Não me vejo no competitivo de nenhum jogo, só acompanho e incentivo a cena. (Mas se quiser vir X1 não corro, não!)

16. Falando sério agora. Eu admiro profundamente sua perseverança e acho muito bacana o carinho que você demonstra com as obras de uma das empresas mais importantes da indústria dos jogos eletrônicos. Imagino que o apoio da comunidade foi imprescindível para você chegar até aqui, então conte pra gente como os interessados podem te apoiar nessa jornada.

Wagner: Faço da suas palavras as minhas, 16 Bits! Admiro demais sua criatividade, obrigado pela moral! Para quem quiser me acompanhar nessa jornada é só me seguir no Twitter: @WagnerRM. Sempre notifico das lives e dos reviews por lá!

Sobre o Blog

Diversão, alegria e jogos eletrônicos! Ou decepção, sofrimento e um pouco mais de jogos eletrônicos? O 16 Bits da Depressão vai abordar os assuntos que estão em alta no universo gamer, sempre com muito bom humor e poucos pixels.