Retro-Review: Como The Sims 2 foi parar no Mega Drive?
16 Bits da Depressão
05/02/2020 07h00
Vocês devem estar ligados da matéria especial sobre The Sims que rolou aqui no START. Claro que eu não poderia ficar de fora dessa homenagem já que (pasmem) o Mega Drive chegou a receber um demake oficial de The Sims 2.
Para quem não sabe o que é um "demake" e como um jogo de 2004 foi parar em um console lançado em 1988, eu explico. Até porque não é exatamente isso, para ser sincero.
O "demake" é um tipo específico de "remake" em que o jogo é refeito para alguma plataforma de geração anterior ao jogo original, utilizando gráficos e mecânicas adaptadas ao hardware de época. Geralmente é algo feito por fãs entusiastas de games retrô, mas, no caso de The Sims 2 de "Mega Drive", a responsável é justamente a Electronic Arts.
O jogo que saiu em 2008 com o lançamento do Mega Drive 3 é resultado de uma parceria entre a desenvolvedora original e a TecToy, representante oficial da SEGA no Brasil. Confira a notícia dada pelo próprio UOL na época.
The Sims 2 vinha na memória do Mega Drive 3, então não era possível assoprar o cartucho para oxidar fazê-lo funcionar. Então, enquanto o sistema carrega, deixe-me esclarecer algumas coisas importantes sobre este game.
Quem ostentava um celular Motorola V3 ou similares lá em meados dos anos 2000 pode se recordar da febre que foram os jogos feitos em JAVA. Pois bem, este jogo de Mega Drive nada mais é que um port de The Sims 2 mobile, com alguns ajustes para rodar no clone licenciado de Mega Drive. Também é importante citar que o hardware desse Mega Drive 3 é completamente diferente do hardware original, e ele tinha a função de emular os jogos, incluindo alguns jogos mobile, mesmo que de forma rudimentar.
Caso queira conferir uma das poucas e masoquistas análises dos jogos da EA que também foram inclusos no Mega Drive 4 da TecToy, confira este vídeo dos colegas da GameFM.
The Sims 2 tem uma tela de menu que demonstra um preguiçoso "downscalling" da versão mobile, e o mesmo pode ser dito sobre o quesito gráfico isométrico do restante da jogatina.
A ausência do hardware original nos impossibilita prestigiar como seria a clássica trilha musical de The Sims 2 no chip sonoro da Yamaha, então o máximo que conseguimos ouvir durante o jogo é uma pitoresca música com som semelhante aos de MIDI, e ela não se assemelha em nada à versão mobile.
A esta altura, começo a me sentir mal por desprestigiar o trabalho dos engenheiros de software envolvidos no projeto, então deixe-me destacar um ponto positivo ao menos: no jogo é possível escolher o signo do seu SIM! Então é um grande alívio poder optar por NÃO ter que controlar um leonino.
Infelizmente, as opções de personalização, que, diga-se de passagem, é o aspecto mais legal da série The Sims, são bem restritas nesta versão. Você apenas consegue escolher o sexo, o signo, algumas limitadas alternativas de vestimentas e, pasmem, precisa escolher entre alguns nomes pré-definidos. Ok que o jogo está razoavelmente traduzido para português, mas ter de escolher um nome entre Sam, Clark e Jim enquanto poderia escolher entre Venceslau, Ronicleison ou Enzo? Mas vamos ao jogo.
Em conformidade com a Lei, é claro que a primeira coisa que precisamos fazer em The Sims é… o número 2! Obrigado, EA, pela tarja, afinal, precisamos proteger nossas crianças daqueles 3 pixels de genitália que poderiam aparecer.
Aviso de gatilho: você começa o jogo desempregado e é bem simples arrumar trampo no menu. Também é pelo menu que você tem acesso a novos itens e possibilidade de expansão da sua residência. Mas não se empolgue muito. As opções são bem limitadas e todos os itens aparecem em locais pré-definidos, com possibilidade nula de customização.
A única curiosidade que resta após minutos vertiginosos conferindo o jogo é saber se é possível realizar o famoso "oba-oba". O problema é que construir um relacionamento nesse jogo parece ser algo extremamente monótono, já que a interação entre os SIMs ocorre em um tosco menu de opções selecionáveis. Assim que eu desistir de qualquer aspiração social em minha vida, prometo jogar com calma e trazer um edit aqui neste post com a cena do oba-oba.
Por fim, em defesa dos engenheiros de software que trabalharam na conversão, e também para lavar as mãos de estar tecendo críticas anacrônicas, vou destacar alguns comentários de pessoas que (há quase 12 anos) estavam bem empolgadas com o resultado do jogo no Mega Drive 3 da TecToy – incluindo comentário da celebridade "Jack Bauer", que parece ter se enganado nesse caso.
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